É agora ao ouvir o sofrimento de alguém próximo que finalmente, ouço o teu sofrimento. Vem tarde. O ouvir é apenas o primeiro passo. O passo que se dá para dentro de um poço à qual eu tirei a luz. Pouso os pés num fundo seco e vazio, tiro a venda e apenas vejo pedras negras carregadas de lágrimas, musgo de cor verde morto, olho para cima e não vejo luz. Para ver isto tudo é preciso luz, talvez seja a luz da esperança de um dia te encontrar e pedir desculpa por ter retirado a tua luz, o teu brilho de sol quente e radiante.
Procuro encontrar uma explicação plausível, várias até, para o que aconteceu e só encontro balelas. Tudo bem que muitas das minhas vivências me levaram a ser inseguro e errante na minha maneira de amar. Até mesmo aquela vontade louca de viver, que tu elogiavas e adoravas, me levou a querer explorar mais. A vida, os seres e os seres a viver a vida. Não percebendo que a única coisa que valia a pena, eras tu e o nosso amor. Mas isso não é desculpa. É apenas uma aprendizagem para que num dia em que eu volte a conseguir amar, não volte a magoar.
AC
O Pardal dos ovos mexidos
Há 5 anos